
PALESTRAS PÚBLICAS:
Confira a programação de palestras
O CEAC Jacob convida você e sua família para se juntarem à nossa Casa de acolhimento e amor. Todas as quintas, a partir das 20 horas, venha assistir a uma palestra especialmente preparada para você! As palestras nos ajudam a encontrar o equilíbrio interno por meio da reflexão e da vontade de mudar. No tempo que passamos numa palestra espírita, recebemos forças energéticas e assistência dos nossos mentores e guias espirituais, necessárias para o nosso fortalecimento físico, moral, emocional e espiritual.


TODA QUINTA:
19h30: Portas abertas (Atendimento Fraterno)
20h00: Palestra
20h50: Passes e Tratamentos
Acesse aqui a programação completa de 2025:
Artigos e textos

DIZ-ME COM QUEM ANDAS E EU TE DIREI QUEM ÉS
por Rodolfo Collevatti
Podemos afirmar qual é o caráter e a natureza de uma pessoa só observando com quem ela convive?
Ou será que somos tão fracos intelectual e moralmente, a ponto de podermos ser arrastados para o mal pela simples aproximação, como um ímã atrai a certos metais, como nos diz o ditado: “passarinho que dorme com morcego amanhece de cabeça para baixo”?
Apesar de observamos pessoas em situação de fragilidade, estando assim mais expostas à influência de gente mal-intencionada pelos mais diversos motivos, pensar que o mal sempre prevalece nos parece como uma sentença fatal, tanto para quem se acha o passarinho do ditado, quanto para aqueles julgados por nós como morcegos.
Esse receio de sermos influenciados não é nada novo. O Velho Testamento tem várias outras citações nessa linha, como por exemplo em Provérbios 22:24-25, onde somos aconselhados a não nos associarmos a pessoas de mau humor, ou coléricas, para não nos acostumarmos com tais atitudes e cairmos numa cilada para nossa vida.
Já as cartas de Paulo nos trazem mensagens de certa forma conflitantes: as más companhias corrompem os bons costumes, reza a primeira carta aos Coríntios. Já em Efésios, somos chamados a imitar o Divino Mestre, que se sentava à mesa com os cobradores de impostos e pecadores, e respondendo às críticas dos fariseus, no Evangelho segundo Mateus, afirmou ter vindo para chamar os pecadores e não os justos.
Jesus também ressaltou seu desejo por misericórdia, se comparando a um médico em busca de doentes e não de pessoas com saúde. Se não bastasse, em Mateus, 21:31, explicou uma das consequências de nossos preconceitos, afirmando aos sacerdotes: “os cobradores de impostos e as prostitutas entrarão antes de vocês no Reino de Deus”.
Nesse sentido, a Doutrina Espírita nos traz ensinamentos interessantes para refletirmos um pouco melhor sobre o tema.
O Livro dos Espíritos nos ensina que os homens atraem os Espíritos em função de suas tendências, e os Espíritos, por sua vez, vão aonde estão seus semelhantes. Assim, os Espíritos não somente nos influenciam, mas podem até dirigir nossas ações. Por outro lado, a evolução moral, coletiva ou individual, tende a afastar os Espíritos que estejam trilhando maus caminhos e atrair os bons.
No entanto, de forma geral somos Espíritos imperfeitos, ainda no começo de nossa caminhada evolutiva, e assim lutamos contra o apego à matéria, o orgulho e o egoísmo que nos tornam expostos à influência do mal.
Dessa forma, como nos ensina André Luiz no livro Conduta Espírita, cabe afastar-nos de ambientes viciosos, de forma discreta e evitando críticas. O cristão, porém, sabe se relacionar nesses lugares para prestar colaboração fraterna em favor dos necessitados. Ora, entendemos que André Luiz deixou implícitas algumas qualidades do cristão, tais como a preparação moral e intelectual para o trabalho, pois, em Missionários da Luz, do mesmo autor espiritual, aprendemos a respeito da importância da disciplina e da educação, entre outras condições necessárias para exercício do trabalho no bem.
Retornando à questão da influência negativa de terceiros em nossa caminhada, O Livro dos Espíritos nos explica que somente somos levados a fazer o mal quando assim o desejamos. Só poderia ser assim, pois temos liberdade de escolha. Ninguém reencarna para fazer o mal. Importante assumirmos a responsabilidade de nossos atos, resultante de nosso livre-arbítrio.
Nesse sentido, à medida que vamos reparando nossos erros, cumprindo provas e missões, vamos progredindo espiritualmente e, ao longo de nossa caminhada rumo à perfeição relativa, não retroagimos moral ou intelectualmente.
Ora, como todos chegaremos a Espíritos puros, sabemos que o mal é passageiro, e que a influência positiva é mais forte. Assim, à medida que um Espírito evolui moralmente, este pode se expor ao convívio com outros irmãos em grau menor de evolução, sem estar sujeito a voltar à situação anterior. Ou seja, certamente, com o tempo, os passarinhos ajudarão os morcegos a aprender como dormir de cabeça para cima!
Enquanto estamos aqui na Terra, ao recusarmos a caminhar com quem seja diferente de nós, estamos de certa forma manifestando nosso orgulho, nos colocando num patamar acima dos outros. Mostramos assim também nosso egoísmo ao não nos importamos com quem julgamos ser inferior a nós.
É comum nos afastarmos de pessoas que se aproximam de outro alguém com quem não temos afinidade ou de quem evitamos por desentendimentos passados. Muita vez, pessoas que pensam diferente de nós são canceladas de nossas vidas, como se tivéssemos o monopólio da razão, ou a autoridade moral de poder rotular o próximo como errado e, portanto, mau. Ouvimos comumente pessoas afirmarem ter desistido de certos confrades, cuja diferença preferem deixar para acertar numa próxima encarnação. Tais pessoas, com certeza, se acham passarinhos bonzinhos, se afastando de morcegos malvados, quando estão de fato perdendo oportunidade incrível de fazer as pazes com desafetos enquanto se encontram no caminho com eles, como nos aconselhou também Jesus.
Nesses processos de afastamentos e cancelamentos, dando asas ao nosso orgulho e egoísmo, deixamos de tentar atender outro chamado desafiador feito pelo Cristo, o de amar nossos inimigos. Interessante observar que, no capítulo 6 do Evangelho segundo Lucas, em seguida de seu convite, Jesus nos pede para não julgarmos para não sermos julgados.
Ora, a atitude de não julgar nos abre a possibilidade de entender que estamos todos em níveis espirituais muito parecidos e, portanto, temos muito a ganhar nos preparando e nos esforçando para fazermos a diferença positivamente na vida de pessoas menos privilegiadas moral ou intelectualmente, em lugar de nos afastar delas.
Entender e reconhecer tais atitudes em nós pode gerar a decisão de mudarmos para melhor.
De fato, como espíritas, temos obrigação não só de não fazer o mal, mas de fazer o bem no limite de nossas forças e somos responsáveis também pelo mal que ocorre por deixarmos de fazer o bem.
Não aprendemos que o espírita não faz proselitismo, mas arrasta pelo exemplo?
Como vamos dar exemplo se não saímos de nossa zona de conforto?
Pensamos que o convívio com a diferença nos permite aprender com o próximo, nos conhecermos melhor, podermos evoluir e gradualmente adquirir as virtudes ensinadas por Jesus, como a caridade, a mansidão, a humildade, o amor ao próximo, e a nós mesmos. Quando chegarmos lá, não precisaremos amar nossos inimigos pois não mais teremos desafetos!
Trabalhemos então para nos fortalecermos e fazermos a nossa parte, estudando a Doutrina Espírita, praticando a caridade de forma ativa, vigiando e orando como devemos. Assim poderemos pouco a pouco nos transformar moralmente e sem medo de más influências, ajudar outros irmãos a fazer o mesmo.

FÉ: MÃE DA ESPERANÇA E DA CARIDADE
A fé, para ser proveitosa, deve ser ativa; não pode adormecer. Mãe de todas as virtudes que conduzem a Deus, ela deve velar atentamente pelo desenvolvimento das suas próprias filhas.
A esperança e a caridade são uma conseqüência da fé. Essas três virtudes formam uma trindade inseparável. Não é a fé que sustenta a esperança de se verem cumpridas as promessas do Senhor? Porque, se não tiverdes fé, que esperareis? Não é a fé que vos dá o amor? Pois, se não tiverdes fé, que reconhecimento tereis, e por conseguinte, que amor?
A fé, divina inspiração de Deus, desperta todos os sentimentos nobres que conduzem o homem ao bem: é a base da regeneração. É, pois, necessário que essa base seja forte e durável, pois se a menor dúvida a vier abalar, que será do edifício que construístes sobre ela? Erguei, portanto, esse edifício, sobre alicerces inabaláveis. Que a vossa fé seja mais forte que os sofismas e as zombarias dos incrédulos, pois a fé que não desafia o ridículo dos homens, não é a verdadeira fé.
A fé sincera é arrebatadora e contagiosa. Ela se comunica aos que não a tinham, e nem mesmo desejariam ter; encontra palavras persuasivas, que penetram na alma, enquanto que a fé aparente só tem palavras sonoras, que produzem o frio e a indiferença. Pregai pelo exemplo da vossa fé, para transmiti-la aos homens; pregai pelo exemplo das vossas obras, para que vejam o mérito da fé; pregai pela vossa inabalável esperança, para que vejam a confiança que fortifica e leva a enfrentar todas as vicissitudes da vida.
Tende, portanto, a verdadeira fé, na plenitude da sua beleza e da sua bondade, na sua pureza e na sua racionalidade. Não aceiteis a fé sem comprovação e controle, essa fé filha cega da cegueira. Amai a Deus, mas sabei porque o amais. Crede nas suas promessas, mas sabei por que o fazeis. Segui os nossos conselhos, mas conscientes dos fins que vos propomos e dos meios que vos indicamos para atingi-los. Crede e esperai, sem fraquejar; os milagres são produzidos pela fé.
O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 19 - Instruções dos Espíritos

VAMOS PARA O NOSSO LAR
por Rodolfo Collevatti
É comum ouvirmos frequentadores das Casas Espíritas afirmando desejarem ir para a Colônia Nosso Lar após o desencarne. Será que isso é possível para todos? Há também questionamentos de alguns confrades, com dificuldade de aceitar um mundo espiritual muito parecido com o nosso, como, por exemplo, nos é relatado em Nosso Lar, primeira obra da série “A Vida no Mundo Espiritual”, de André Luiz, psicografada por Francisco Cândido Xavier.
Para respondermos a essas questões, inicialmente vamos relembrar alguns conceitos e informações importantes contidas nas obras da Codificação Espírita.
Nosso destino imediato após a desencarnação depende do grau de adiantamento moral de nosso Espírito. Em nosso mundo há um número considerável de Espíritos inferiores, com perispírito tão grosseiro, que permanecem na superfície terrestre, acreditando estarem encarnados. Há também Espíritos um pouco mais desmaterializados sem, porém, conseguirem se elevar além dos limites do planeta.
Ora, se tais Espíritos permanecem na Terra, onde se encontram? Para quem estranha o conceito de colônias espirituais com moradias e outras semelhanças com os recursos encontrados no plano material, o Codificador nos ensinou: nosso mundo é um pálido reflexo do mundo espiritual, onde os Espíritos se aproximam e formam grupos de acordo com interesses em comum, laços de simpatia, ou também pela necessidade de estarem entre seus semelhantes. Assim, uma cidade celeste pode ter sociedades boas ou más.
Temos também n´O Céu e o Inferno, uma das obras fundamentais da Doutrina Espírita, a Condessa Paula citando moradas aéreas rivalizando com nossos palácios e salões dourados, além de menções a moradas espíritas e habitações dos Espíritos na Revista Espírita, que traz ainda uma mensagem de Mesmer com conteúdo muito próximo ao texto mencionado acima, enfatizando a semelhança entre o mundo material - construído com material e grosseiro - e o reino Espiritual - fluídico e etéreo - do qual o mundo material seria uma imagem imperfeita.
Assim, entendemos ser normal dar o nome de colônias espirituais às cidades celestes onde há grupos formados por Espíritos afins, de certa forma presos aos limites de nosso planeta, tido como uma imitação grosseira do mundo espiritual formam grupos no mundo espiritual. Aliás, o próprio Kardec usou o termo colônia ao descrever a vinda de Espíritos manchados de vícios, exilados na Terra nos tempos de Adão, apartados de uma colônia de um mundo melhor.
Outra questão levantada por espíritas neófitos desconfortáveis com a semelhança entre nosso mundo e as colônias Espirituais é: como os Espíritos conseguem criar colônias espirituais? O Codificador nos esclarece sobre a capacidade dos Espíritos de agirem sobre os fluidos espirituais. Para eles, o pensamento e a vontade equivalem às nossas mãos e, dessa forma, reúnem, assentam ou espalham fluidos, mudam suas propriedades, criando objetos e conjuntos (5). Encontramos um exemplo dessa criação fluídica no livro Nas Voragens do Pecado, de Yvonne do Amaral Pereira, quando descreve o trabalho feito por Espíritos benfeitores, preocupados com um irmão desgarrado, reconstruindo o local onde haviam se encontrado durante a última reencarnação.
Colônias, edificações e/ou cidades espirituais foram relatadas por outros bons escritores em inúmeras ocasiões, entre eles Swedenborg, Reverendo Owen, Cairbar Schutel, Yvonne do Amaral Pereira e Francisco Cândido Xavier.
Considerando nosso nível de evolução espiritual, é natural não termos muita informação de cidades espirituais mais elevadas. Assim, a maioria das colônias mencionadas na literatura Espírita se localiza nos limites da Terra. Em Nosso Lar, conhecemos as dificuldades de André Luiz visitar sua mãe, Espírito habitante de colônia mais elevada, se comparada com Nosso Lar. Aprendemos também ali sobre Alvorada Nova, outra colônia localizada na Terra, também superior a Nosso Lar.
Também em Nosso Lar, estudamos sobre o Umbral, local que lembra o Purgatório, pelos sofrimentos e pela condição de lugar intermediário entre a Terra e a colônia espiritual. De fato, entendemos ser nosso planeta como um Purgatório: local passageiro, mundo de expiações e provas onde os Espíritos expiam também enquanto desencarnados. Não devemos estranhar, portanto, termos Postos de Socorro a Espíritos desorientados, pois, como já citamos, muitos desencarnam sem entender não mais pertencer ao mundo material. Esses Postos, citados nas obras de André Luiz, por exemplo, servem de intermediários para o encaminhamento de Espíritos às Colônias Espirituais. Dessa forma, Deus, em sua infinita sabedoria e bondade, permite a tais Espíritos uma transição sem saltos.
Voltemos então à questão inicial, quanto à nossa ida para Nosso Lar. Inicialmente, devemos compreender que nossa presença naquela colônia vai depender de alguns fatores, a saber:
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Nossa condição espiritual: Nosso Lar é uma estância de Espíritos endividados, não uma estância de Espíritos vitoriosos. Quando estudamos as diferentes ordens de Espíritos e a Escala Espírita, e os Mundos de expiações e de provas, facilmente percebemos sermos na maioria Espíritos imperfeitos. Assim, possivelmente teremos dificuldade de nos elevar espiritualmente além da Terra e, nesse caso, provavelmente seremos candidatos a uma estada numa colônia espiritual, mais cedo ou mais tarde.
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Nossa localidade, ou condição cultural: Nosso Lar é uma colônia de transição, localizada ainda no Umbral, e encontra-se na ionosfera, sobre a cidade do Rio de Janeiro. Caso pertençamos à maioria dos Espíritos endividados que reencarnam na Terra, mas não sejamos oriundos ou conectados espiritualmente ao Rio de Janeiro, iremos para outra colônia ligada à região em que vivemos ou onde tivermos uma relação mais profunda.
Não devemos desanimar, porém com tais informações. Deus nos dá inúmeras oportunidades de progredirmos e a maior delas está ao nosso lado e muita vez não nos damos conta disso.
De fato, os laços de família são essenciais para nossa evolução espiritual. Somente avançaremos na escala Espírita por meio do convívio social, e a família tem papel fundamental nessa caminhada. Convivemos com Espíritos afins, membros de nossa família espiritual, encarnados e desencarnados, cujos laços de simpatia e de comunhão de pensamentos nos unem há tempos e permanecerão mesmo após nossas encarnações. Somos provados também convivendo com outros Espíritos, colocados em nossa vida para evoluírem. Há outras ocasiões nas quais nós podemos ser esses Espíritos em busca de expiar e reparar erros do passado. Deus nos deu nossas famílias para aprendermos a amar como irmãos. O amor e a caridade começam, portanto, na família. Temos o dever de contribuir para o progresso e a educação dos outros, incluindo a missão de desenvolver nossos filhos pela educação e de respeitar e amparar nossos pais.
Dessa forma, quando nos dirigirmos para a nossa casa, pensemos: “Estou indo para o convívio com minha família. Tenho hoje a oportunidade de auxiliar outros Espíritos muito importantes para mim, a partir do meu exemplo, da prática da caridade, sendo benevolente, indulgente e perdoando-os, como eu também quero ser perdoado. Que maravilha! Já estamos morando em “nosso lar”. Não preciso mais rezar para ir para Nosso Lar.”
Agradeçamos a Deus por nossa família, por nosso lar, trabalhemos no limite das nossas forças para fazermos o bem para todos os Espíritos que nos cercam, uma vez que o conceito de família espiritual nos permite entender sermos todos irmãos e, assim, considerarmos também nosso planeta Terra como Nosso Lar!

REFORMA ÍNTIMA
por Márcio Costa
Frente às lutas da vida, legiões de irmãos buscam o consolo nas mais diversas fontes que a vida nos possibilita. Alguns imergem nas profundezas das facilidades materiais, acreditando encontrar no vício e nas paixões a solução dos problemas. Outros se embriagam em atividades diversas, buscando nelas uma fuga inconsciente de suas lamentações. Outros, ainda, adentram em templos e em locais de fé como se somente de lá pudessem extrair a paz tão procurada dos momentos de dor. Olvidam-se as famílias, esquecem-se os sentimentos e, assim, planejam-se os próprios infortúnios.
Em meio aos tormentos do nosso mundo de expiações e provas, muitos esquecem de que a cura das mazelas nem sempre está em lugares distantes. Mas sim, nos recantos mais íntimos do nosso “eu”. Trazemos no gérmen de nossas almas os débitos contraídos nas diversas oportunidades de reencarnações pregressas. No entanto, algozes de outrora, apresentamo-nos hoje como vítimas das supostas injustiças que assolam a nossa paz. E acreditamos ser mais um objeto da infelicidade em momentos nos quais o tempo parece parar.
Mas ao nosso redor tudo está em movimento. A pequena semente germina e após muitos anos se transforma em uma árvore frondosa. De pequenos fios de seda compõem-se tecidos maravilhosos. Por meio das primeiras pinceladas surgem quadros memoráveis. De tijolo em tijolo erguem-se cidades. E da mesma forma nos encontramos nesta encarnação. Sem perceber a nossa evolução moral e intelectual, progredimos lentamente a cada ensinamento ou momento de dor que a existência nos proporciona.
Mesmo com nossas dificuldades, não podemos esquecer que muitos de nossos momentos mais difíceis foram planejados antes do berço com a intenção de evoluirmos com tais aprendizados. São nestes momentos de angústia e de sofrimento em que nossas almas desfrutam da oportunidade de olhar para si e perceber o que pode ser corrigido para não incidirmos nos mesmos erros.
Assim começa a nossa reforma íntima.
Esta mudança em nossas vidas sempre ocorre à luz do nobre trabalho de nossos sentimentos morais e intelectuais. No primeiro caso, por meio das provas e expiações que nos concedem a percepção necessária para começarmos a entender as bases do amor, da caridade, da humildade e das demais virtudes que carecemos implementar em nossas vidas. No segundo caso, pelo conhecimento que nos levará ao melhor emprego das bases morais.
Se estivéssemos fadados ao consolo permanente, seríamos como filhos de pais extremamente zelosos que nada nos deixam fazer em prol do nosso próprio aprendizado. Nosso corpo e nossa mente não teriam como se desenvolver, tendo em vista que tudo estaria em nossas mãos. Atrofiados em nosso progresso, estacionaríamos em nossa condição evolutiva por um longo período de nossa existência. Mas a imperiosa necessidade de crescer nos leva ao esforço pessoal. Desta forma um bom pai conduz um filho. Ensina-lhe a empregar a sua inteligência e sua força vital em prol do trabalho dignificante. Só assim o filho amadurece em suas bases e progride.
No livro Agenda Cristã, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, André Luiz nos apresenta os “princípios redentores” que podem contribuir com a nossa reforma íntima. Embora não tenha a pretensão de esgotar o assunto, com tais comentários o grande amigo Espiritual já nos envolve nos sublimes poemas de luz entoados pelo Mestre Divino há dois mil anos.
Neste livro, André Luiz nos orienta a desejar o bem do próximo, da mesma forma como fazemos para nós mesmos. Pensando no próximo com o amor divino ensinado pelo Cristo, estaremos sendo fonte de luz que iluminará a nós mesmos.
Evitemos as discórdias e desagradáveis situações de confronto. Por mais que estejamos certos, tais situações alimentadas pela mágoa, pelo ódio e pelo rancor só favorecem a conexão com as sombras que se aproveitam destes momentos para nos incentivar na derrocada de nossos sentimentos. Um grito não se devolve com outro, criando uma espiral crescente de agressão mútua.
Levemos o amor e a caridade sem esperar a restituição. O amor sublime reside na doação natural e fraterna. O melhor retorno de tais ações sempre estará na felicidade e na alegria de ver alguém sorrindo pelo nosso concurso.
Cuidemos com amor das crianças, dos idosos e dos doentes. A fragilidade que o tempo levou de nossas mãos na adolescência será devolvida quando estivermos mais próximos da partida deste plano. Logo, façamos a caridade hoje porque talvez amanhã nossa vestimenta física talvez não permita usar esta ferramenta de progresso moral.
Não façamos críticas ao próximo. Como diz um ditado popular, cada vez que apontamos um dedo para alguém, os demais três de nossa mão se voltam para nós. No entanto, se recebermos uma crítica, agradeçamos ao interventor. Suas palavras contundentes poderão ser uma alerta para que não tomemos as mesmas atitudes com outro irmão. Poderão também nos alertar dos defeitos que possuímos e nem sempre percebemos.
Perdoemos quantas vezes for necessário não só com as palavras, mas também com a sinceridade dos sentimentos mais íntimos. Todos erramos devido às nossas imperfeições, mas aquele que insiste no erro merece mais o acolhimento do que nós. Afinal, quem de nós pode julgar e criticar o próximo, senão a própria justiça Divina.
Acolhemos o próximo com a alegria de um sorriso e o aconchego de um abraço, mesmo que este último se expresse somente por sinceras mãos estendidas. Um sorriso fraterno contagia, ameniza adversidades e traz conforto a quem precisa. Quantas vezes nos sentimos bem simplesmente por estar próximo do sorriso espiritual de um irmão. No entanto, o que sentimos são as ondas vibratórias de amor que nos envolvem e acalentam. O sorriso dignificante nascido da cumplicidade cria ondas mentais de luz entre aqueles que compartilham.
Aprendamos a buscar somente aquilo que é necessário. O exercício da simplicidade contribui para que o orgulho não seja alimentado. Da mesma forma, estimulemos as nobres qualidades do próximo sem lhes instigar a vaidade. “O elogio é sempre dispensável” (André Luiz, no livro Conduta Espírita).
Procuremos valorizar cada momento de nossa vida, trabalhando “no bem de todos”, sem nos prendermos. Não sabemos o momento em que nossos laços se desatarão e precisamos estar preparados para os novos caminhos que precisaremos trilhar.
Por fim, sejamos alegres, justos, motivados, agradecidos e confiantes na fé Divina. Em todos os momentos Deus estará conosco, mesmo que o véu sobre nossos corações não nos permita percebê-lo.
Tais sugestões não esgotam o que devemos fazer para buscar a nossa reforma íntima. No entanto, poderão ajudar a renovar nossas forças em busca da felicidade sublime e relevante no trabalho do amor da qual gozam os espíritos superiores.
“O homem renovado para o bem é a garantia substancial da felicidade humana.”
(André Luiz, no livro Agenda Cristã).

LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA
por Divaldo P. Franco
Um dos grandes desafios que a sociedade moderna tem enfrentado, entre outros mais graves, é aquele que diz respeito à liberdade de consciência e, por extensão, a de expressão e conduta. Todos somos livres para pensar, ninguém podendo conseguir impedir-nos desse admirável sentido da vida.
Graças às conquistas democráticas, podemos expender os nossos conceitos em decorrência do pensamento desde que não venhamos a ferir o direito alheio.
Entretanto, não são poucos aqueles que se tornaram vítimas dessa liberdade, ao apresentar as suas ideias à sociedade. Sempre existem de plantão os cerceadores da liberdade dos outros, tentando cercear-lhes esse direito adquirido através dos séculos, quando as ideias apresentadas não obedecem aos seus padrões de pensamento e de conduta.
São proclamadores do direito deles e rudes atacam toda e qualquer expressão que não corresponde às suas paixões…
Fazem-se agressivos, voltando-se contra os idealistas e arrasando-os ou tentando fazê-lo.
Como os seus propósitos não são de iluminar consciências, partem para o ataque à pessoa e à sua conduta, assacando acusações mediante as quais os insultam e buscam manter intermináveis discussões nas quais exaltam as próprias qualidades, como se fossem os únicos que pensam e se apropriam de tudo que lhes deve passar pelo crivo da aceitação.
Na sua insânia acreditam que intimidam, quando procuram desmoralizar aqueles aos quais se opõem, arrogantes e temerários.
Não podendo discutir apenas no campo das ideias, perseguem os idealistas e estão sempre dispostos a sacrificar quem se encoraja a opinar livremente. Assim ocorre em todos os campos do pensamento.
Convém recordarmos que não se combatem ideias senão com outras superiores, e que toda vez quando um idealista é excruciado, o seu silêncio nobre, que resulta das convicções que mantém, mais desperta simpatia e credibilidade pela força do sentimento e a legitimidade do seu conteúdo.
Constitui um dever permitir a outrem o direito à liberdade que se desfruta, não lhe maldizendo o comportamento, muitas vezes sob a injunção da inveja e do despeito, travestidos de verdade e defesa do que abraçam.
Vale a pena repetirmos o pensamento de Voltaire, a respeito do tema, aliás, já muito conhecido: “Não estou de acordo com o que dizes, porém, defenderei com a minha vida o teu direito a expressá-lo.”
Os grandes líderes da humanidade pagaram esse pesado tributo, sofrendo a perseguição dos apaixonados, principalmente quando dominados por políticas arbitrárias que sempre perseguem aqueles que se lhes não aderem aos postulados partidários.
Vale, no entanto, ser livre, sem deixar-se afligir ou abater pelos seus perseguidores gratuitos.
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 22-02-2018.